Guaráñás Lusitáñás(2006)
(pt
(Ide) Às almas, ó varões assim alados!
que da ocidental praia lusitana
por mares nunca dantes navegados
navegaram até onde a vista engana...
E com verdes seres pendurados?
E, nos ombros, sebes de macaña?
Que ritos sombrios lhes marcavam
as peles beges na downtown?
Seriam eles mártires do mal?,
ou celeiros da mancha estranha
que borrava de medo o tal
guerreiro verme da entranha
– aflito cerne vital –?;
se só comiam branca-banha
e com garfos d’oiro espetavam
all the harvest they just sown?
Se amavam tanto tal façanha,
que descobriam endereço anormal,
não seria assim cá tão canha
cada índia de carnaval
caducar na carne cana
com moídas de mescal
e pisar cacau com o peão
cujo curral é cal na mão?
Que sonho tínhamos, Portucália!
Seque, porto – cale, ira
cuja alma de mingau já talha
em meio ao sal que a traíra!
E se amavam no quintal
e se mordiam de alegria,
mas soltavam bosta fria
pela boca, e o escambau!
E amizades tão sozinhas
não podiam mais ser vistas
pelos bares, pelas vinhas,
revelando o social!
Só me resta assim ser tida
como tendo um torpe tchau
Comovendo uma caída
que me torne animal!
Que me seja enfim total!
Sou eu que invisto a curvatura
que esquenta a tinta do timão
até a reserva virginal de espuma
que sustenta o planeta irmão
dos arqueiros, santos homens
- dois, de cada três, ladrão!
E sou eu quem diz que tomem
mais um porto e mais um filho,
e que some com o milho
das goelas que me comem!
Então jaz na morte matar,
mas, se queda do vazio, não quer mais ser lar...
Morreremos por um fio!
Rare Bhra Rai Indo Sil!
Rail Fréia, mix me will!
Mane Moneta, pegada lunar!
Saravá! Yemanjá!
Yah, Saraswati Padimah...
Pelo Portal de Ishtar!,
suba, santo sepulcro anil,
ao encontro de sua irmã senil!
Ave Ártemis!
Diana no estio!
Ê Mana Mãe Hera Kaali!
Ó Filha da Luna Juno!...
Vê já quem aqui caiu...
Vá avisando seu Saturno
que não resta muito a prumo...
Só um braço e um navio!
E com que fúlgida fugida
nosso mátrio pai gentil
se esqueceu não ter saída
e se ateu ao seu abril?
fez-se súbita investida,
dia trinta e um de mil?,
novecentos marços cansam?
Vinte e seis bitas descansam?
Só na casa que caiu!
Lá é onde serei longe,
à larga terra que alguém viu,
“à la détante”, dita o monge,
só, na manha do sombrio,
na eterna manhã solta no horizonte,
ou na tenra senda de sempreontem!
Que dialeto extinto e sóbrio
poderia enfim ser vil
contra os mesmos vis colóquios
que já cercam sem redil,
sobrevendo às braçadas sobras
de quem tenta ver tais obras?!
t 2)
Arde em brasa nossa terra, nosso ardil...
Se não fosse um japão...
E se não fosse uma índia...
E se não antes um islão...
Ou, se não, uma china...
E se não fosse já uma mina...
Um charrão, um rapé...
Um seringal, uma rainha...
Uma coca, um café...
Quem seria esse Brasil?
Mais um grito de algum maluco celta?
Mais um índio bom chamado de vadio?
Outra louca gurudeva raresbelta?
Ou um resto de devoto que fugiu
do comando cansativo do cristão
e, pro cristo que criava, virou pão?
Seria ele um pastor de rês, mulato?
Ou uma velha mãe vivendo no baldio?
Um sorriso inoportuno imediato?
Adrenalina que não sai mais do cio?
Correndo soltos pelos matos,
serão eles e elas rios...
Veios cheios vaporados...
Leitos feitos barrotados...
Seis se sorvem – Mariar...
Vão Um ser o que durar...
Mas quantas braças nos separam desse mar?
Sempre ele, no zumbido de ser ar,
esse na força perene da água,
onde ainda se estende um lugar
onde a chama dos deuses é clara,
a vida nunca pôde ter maré,
nunca mais vagueei na vaga
e nunca mais molhei o pé...
E da praia santa de Pindorama se avista
uma lua titânica que nasce e brilha nas ondas atlânticas....
(aaaaos cauins de limões)